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  • Data e Local

        Realiza-se de 29 de Junho (Feriado Municipal) a 30 de Junho, no Bairro dos Pescadores

  • Duração

        5 ou 6 dias.

  • Homenagem/Culto

        Santos Populares

        S. Pedro

  • Celebrações / Componentes da Festa

        Ritual festivo “queima do batel”

        Missa solene com sermão e procissão de S. Pedro

        Romagem ao cemitério em honra dos pescadores falecidos

        Romaria ou “marcha dos pescadores”, juntamente com o povo, à “lavagem” na Quinta do Saldanha.

        Arrematação das bandeiras

        Círio dos Pescadores

        Almoço-convívio anual, dois concursos, o de montras e da janela melhor enfeitada, desde que situada no percurso da               largada de touros, no Bairro dos Pescadores

        Tourada e largadas

        Marchas Populares

        Feira e arraial no recinto, com diversões, concertos musicais, fogo-de-artifício, quermesse e tômbola

  • Sobre a Festa

        A Festa em Honra de S. Pedro realiza-se de 29 de Junho (Feriado Municipal) a 30 de Junho, no Bairro dos Pescadores, do Montijo. As Festas de São Pedro de hoje em dia, nasceram a partir de 1951. São Pedro torna-se padroeiro dos pescadores, embora o patrono do Montijo seja o Divino Espírito Santo.

        Num passado longínquo, os pescadores presenteavam a sua terra com um espectáculo, que consistia em enfeitar um velho batel, com bandeiras e loiros, que era transportado em procissão, desde o bairro dos pescadores, passando pelas ruas principais da povoação, até ao adro da igreja matriz. A banda filarmónica e os foguetes acompanhavam o cortejo, que se realizava ao fim da tarde. À noite organizava-se um baile, em que as danças e cantorias aconteciam em redor do batel, em chamas, ao som dos foguetes. A festa acabava quando o batel ficasse reduzido a um braseiro. O ritual festivo da “queima do batel” continua a realizar-se, utilizando um barco já sem utilidade, que é enfeitado e queimado junto ao rio, perto do Cais das Faluas.

        No dia seguinte, entre as dez e as onze horas da manhã é celebrada a missa solene, com sermão e procissão. A igreja do Espírito Santo enchia-se de cristãos, pescadores que pediam a Deus por intermédio de S. Pedro, que os protegesse do mar e que regressassem sãos e salvos, que abençoasse o seu trabalho, demonstrando confiança absoluta em S. Pedro.

        A procissão realizava-se sempre depois da missa solene, não tendo hora exacta, obedecendo à maré cheia, devido à bênção do mar e das embarcações. As promessas e votos feitos durante o ano, eram cumpridos nesta cerimónia. A seguir à missa também se seguia uma romagem ao cemitério em honra dos pescadores falecidos. Pescadores e povo seguem em barcos, de todos os géneros, festivamente ornamentados com flores e bandeiras, até à Base Aérea nº 6 do Montijo. É aí que recolhem a imagem de São Pedro (transportada para ali dias antes), que trazem à tarde em procissão pelo mar até ao Cais das Faluas. Em seguida, a imagem é levada pelos pescadores, também em procissão, até à igreja matriz.

        À noite, pelas vinte e duas horas, tem lugar a grande e solene Procissão de São Pedro, com a imagem no seu andor, em forma de barco, no meio de flores naturais, conduzido mais uma vez pelos pescadores, sempre descalços. Nesta procissão integram-se os andores da Senhora da Atalaia, de São Rafael, de Santo António, de São João e de São José.

        Durante aproximadamente duas horas, a procissão percorre desde o Bairro dos Pescadores, passando pelas ruas principais do Montijo em direcção ao adro da Igreja Matriz do Espírito Santo, com o cortejo acompanhado pela banda filarmónica, ao som dos foguetes. As avenidas são artisticamente ornamentadas e iluminadas, providas de alto-falantes.

        No dia seguinte, dedicado a São Marçal, pelas seis ou sete horas da manhã, realiza-se a romaria ou “marcha dos pescadores”, juntamente com o povo, à “lavagem” na Quinta do Saldanha. Esta prática ritual consistia na lavagem da cara ou das mãos dos que participavam, num tanque de pedra que desde há muito que serve para o efeito.

        No final da manhã, há lugar à “arrematação das bandeiras”, figuradas com santos e com pequenas imagens de Santo António, São Marçal e São Pedro (a mais disputada). São leiloadas, atingindo lances de algumas centenas de euros. Quem fizer o melhor lance tem o direito de conservar a bandeira ou imagem em sua casa até à arrematação do ano seguinte, quando as bandeiras e imagens voltam a ser propriedade da Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegaleda, para que voltem a ser leiloadas.

        O Círio dos Pescadores já existia no reinado de D. Manuel I (1459-1521), que foi seu juiz perpétuo, assim como todos os seus sucessores monarcas. D. Manuel I promovia a sua festa no santuário da Atalaia, onde decorria a missa solene, sermão e procissão. Era o juiz da festa, o Rei, que pagava o sermão. O pregador era dado pelos religiosos provenientes da Ordem de S. Francisco.

        As touradas foram inseridas nos festejos da vila no século XVI, por provisão real do rei D. Manuel I, “para diversão do povo”. As largadas de touros passaram a constituir mais uma atracção da festa.

        Apesar de alguns anos de declínio, os festejos nunca deixaram de se realizar anualmente no Bairro dos Pescadores, mantendo-se sempre os enfeites e iluminação pelas ruas, becos e pátios, para além da quermesse, dos bailes e largadas de touros. Por volta de 1607 era costume, no dia da festa, a Confraria dos Pescadores proceder à eleição dos festeiros e do juiz-tesoureiro, a quem cabia a organização da festa no ano que seguinte. A escolha recaia nos pescadores mais abastados, nomeadamente proprietários de embarcações. Quanto mais se pescava mais esplendor teria a festa desse ano, uma vez que as quotas e percentagens dos lucros de cada barco revertiam para as despesas dos festejos, assim como o dinheiro de mealheiros que eram colocados nas embarcações onde eram depositadas quantias destinadas à confraria. Notou-se em 1951, um crescimento das festas, sendo adoptado um novo processo, em que os mealheiros passariam a ser espalhados pelos estabelecimentos da cidade, possibilitando assim, a contribuição do povo para as despesas da festa. A imagem é suportada no andor, em forma de barco, no meio de flores naturais. No andor pegava quem desse mais.

        No decorrer da procissão, a imagem era voltada por três vezes para a assistência, como se tivesse a abençoar ou a despedir-se dos seus devotos.

        As despesas dos festejos eram suportadas pelas cotas, percentagens dos lucros de cada barco de pesca, pelos mealheiros colocados nas embarcações destinados ao depósito de quantias, ao final do mês, destinadas à confraria. Tanto a ornamentação como a iluminação das ruas, têm o patrocínio da Câmara Municipal. Após a arrematação das bandeiras segue-se o almoço-convívio anual, dois concursos, o de montras e da janela melhor enfeitada, desde que situada no percurso da largada de touros, no Bairro dos Pescadores. Actualmente, para além das solenidades religiosas, o arraial, a feira e os concertos realizados na Praça da República, mantêm-se.

        A partir de 1957, a tourada passou a fazer parte das Festas Populares de São Pedro. A largada de touros constituía o festival taurino, e era uma tradição das gentes locais. Em 1991, as festas passaram a incluir marchas populares. Além das solenidades religiosas, há feira e arraial no recinto, com diversões, concertos musicais, quermesse, tômbola e espectáculo de fogo-de-artifício.

Festa em Honra de S. Pedro

Montijo

© 2017, por Ana Carolina Macedo

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